quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Reacender o desejo 3 - Admiração





- Maria, fizeste madeixas. Ficam-te muito bem!
- A sério?
- Sim um espetáculo!
- Se disseres mais uma palavra que seja, Manel, vais dormir para casa da tua mãe!
- Mas…mas...só estava dizer-te que estás bonita, ficam-te muito bem!
- Há um mês que fiz madeixas e só agora reparaste!


Olhar com atenção para os pormenores do corpo, da personalidade,  das rotinas  do parceiro sem nada se dar como definitivo, óbvio e terminado…
O desejo não surge só do tesão animal, surge da admiração mútua. [Sem admiração não há paixão]. No início da relação isso acontecia constantemente. Os dois tinham de provar e lutar por muitas coisas, pressões dos pais, falta de dinheiro, etc. No avanço da relação a estabilidade, segurança e intimidade vão-se instalando. Passa o tempo e não precisamos de provar nada ao companheiro, pelo que a questão passa a ser sobre que tipo de admiração diária podemos ter um pelo outro?
Não é só a admiração direta pelo corpo é admiração pelo mundo da outra pessoa.
O homem chega a casa  “Eu nunca reparei, mas a decoração, o cheiro, a arrumação, é tudo mérito teu. Sem ti ia detestar esta casa!”  A  mulher passa pelo campo e vê-o a jogar futebol com os amigos, ele macho, faz de conta que não vê, mas esforça-se para marcar naquele momento, percebe que aquela mulher é diferente das dos outros…Está ali só para o ver.


Posts da série:

Reacender o desejo 1 - Introdução.
Reacender o desejo 2 - Avaliação pessoal e da relação.
Reacender o desejo 3 - Admiração
Reacender o desejo 4 - A educação familiar e judaico cristã.
Reacender o desejo  5 - Desejo por outros




domingo, 14 de fevereiro de 2016

Reacender o desejo 2 - Avaliação pessoal e da relação.

- Maria, em doze anos de casamento, o meu marido ainda não percebeu como é que sou na cama.
- Já lhe disseste?
- Não. Doze anos deviam dar para ele adivinhar ou perceber.
- Isso de que os companheiros sexuais têm que adivinhar os desejos dos outros é treta. O melhor é dizeres-lhe!
- Maria, dizer-lhe, dizer-lhe,... não posso fazer isso.
- Porquê? Ana.
- Agora é tarde demais.
- Tarde demais?
- Sim, se eu lhe dissesse agora algumas coisas, ele ia perguntar porque é que eu não lhe disse antes...



A falta de tesão deve ser sempre resolvido por ambos, pois não adianta um esforçar-se, se o outro não faz nada. Todavia, quando o desejo sexual existe para outros alvos, mas não para aquela pessoa é essencial fazer uma avaliação pessoal da relação e de si próprio.
No campo da relação é preciso decidir o que realmente queremos. Se partimos para outra relação ou se pelo contrário, investimos no trabalho de recuperar o tesão pelo parceiro.
No campo pessoal é necessário descobrir se não existem causas físicas que inibam a produção de testosterona, mágoas, ou até alguma forma de punição do parceiro que provoque essa baixa de líbido. Tudo isto deve ser avaliado com o objetivo de tomar atitudes no sentido de promover mudanças.
Invista em si na saúde, bem-estar, aparência, corte de cabelo, estilo de roupa etc…
Lembre-se dos primeiros tempos em que a paixão pela sua cara-metade não deixava nada ao acaso. Quando o relacionamento avança no tempo e na intimidade, homens e mulheres esquecem os comportamentos e atitudes de conquista. Só souberam impressionar o parceiro quando este era praticamente um desconhecido. [Relações e liberdade]
Passados os primeiros tempos o sentimento de grandeza extingue-se quando convivemos com as fragilidades e defeitos do parceiro. Não fomos educados para sentirmos tesão pelo que realmente somos, incompletos, frágeis e falíveis.
Não adianta ficar à espera que o tesão reapareça magicamente. É preciso realizar mudanças e aí vale tudo desde a alteração de atitude, fantasiar, mudar de lugares e de práticas, enfim, tudo.


Posts da série:

Reacender o desejo 1 - Introdução.
Reacender o desejo 2 - Avaliação pessoal e da relação.
Reacender o desejo  3 - Admiração
Reacender o desejo 4 - A educação familiar e judaico cristã.
Reacender o desejo  5 - Desejo por outros



terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Reacender o desejo 1 – Introdução


- Manel, a tua primeira mulher não dançava?
- Não, ela não tinha a tua graça.
- Porque não a ensinaste a ter graça?
- Isso não se aprende, Maria.
- Como sabes? Manel, ela morreu sem nunca saber que podia dançar contigo. De certo modo, vocês eram dois estranhos.
- Não quero falar dela.
- Já não vale a pena amuares. O que quero dizer é que, se a amavas, devias de ter dançado com ela. A cada minuto que passa todos morremos um pouco, não podemos desperdiçar nada, termos de partilhar, ensinar e aprender uns com os outros…


O tesão pelo seu parceiro está fraco, o diagnóstico é simples: está longe de ter tentado tudo com ele…
Levantamo-nos de manhã, mas quase sempre gostaríamos de dormir mais um pouco. Aprendemos a gostar de ir ao ginásio e fazer desporto mas nunca temos um desejo forte para tomar a iniciativa de o começar a fazer. Temos uma ideia romantizada de que precisamos de ter vontade para fazer coisas, e isso é uma ilusão. Outro mito é acharmos que o sexo deve acontecer espontaneamente. Dizemos “No início da nossa relação o sexo simplesmente acontecia!”. Mentira, já não se lembram da tensão da espera, por vezes durante dias. Ela planeava a roupa ao pormenor e questionava-se se seria naquele dia que algo iria acontecer? Ele planeava a situação considerando todas as possibilidades. Para termos vontade de fazer sexo precisamos de intencionalmente pensar em fazer sexo, pois isso estimula a nossa líbido.
Sexo é muito bom e saudável. Dá prazer, é divertido, ótimo para relaxar e aproximar o casal, aumentando as possibilidades de superar as dificuldades do dia-a-dia.

- Sejamos realistas Maria, se duas pessoas quiserem, dificilmente o sexo é um momento desagradável. Porque traz sempre uma sensação de bem-estar e prazer intensos. O segredo é fazer sexo para manter um bom relacionamento. Mesmo que não nos apeteça assim tanto...
- Manel, não podemos fazer sexo só quando tudo está perfeito na relação, não é, de facto boa ideia. Mas quando vamos fazer sexo temos que nos abstrair dos problemas e fazer sexo.
- Fazer sexo melhora a performance do casal fora da cama e vice-versa...



Posts da série:

Reacender o desejo 1 - Introdução.
Reacender o desejo 2 - Avaliação pessoal e da relação.
Reacender o desejo 3 - Admiração
Reacender o desejo 4 - A educação familiar e judaico cristã.
Reacender o desejo  5 - Desejo por outros

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A alegoria do felácio.



Manel sente-se o maior a controlar tudo com Maria de joelhos à sua frente, empenhada e desdobrando-se delicadamente em múltiplos movimentos.
Maria sente-se a dominar, a controlar a situação com Manel em pé, firme e vigoroso à sua frente.

Como em muitos relacionamentos, ambos querem o controlo e domínio em vez de caminharem juntos. É curioso o que um dos momento mais saborosos do sexo revela da dinâmica do casal em vários momentos da sua relação.
Até o mais viril dos homens provavelmente já falhou, impotente, várias vezes na frente da sua parceira, incapaz de resolver uma situação, ou ejaculou precocemente frente a um acontecimento fora da cama, irritado e ansioso. Para a mulher o desafio está em não limitar o ato ao seu aspeto da entrega, ter presente que os suas ações, não são nada submissas, são autónomas, livres e manifestam o seu  próprio prazer e poder. [Educação sexual no feminino]

Em relação ao homem colocando um paralelo entre a vida e o broche, as caraterísticas desejáveis são estabilidade e energia, tranquilidade e potência. Embora aparentemente contraditórias estas caraterísticas geram a dinâmica necessária: quieto em apatia, não serve, demasiado cheio de vida e energia com tiques nervosos como roer as unhas ou bater com os pés…também não serve como caraterística masculina. Esta dinâmica está presente, no sexo oral ou quando a mulher se vai embora seguindo a sua vida com outro. Sem este equilíbrio o homem colapsa frente a situações difíceis, com reações precoces ou impotência. Daqui resultam os dois extremos da infelicidade masculina, a impotência (apatia) e a ejaculação precoce (reação descontrolada) no sexo e na vida.
Para a mulher, na vida e no broche, ela move-se, manifesta  o seu prazer no sexo e na vida, em cada gemido, curva ou expressão do corpo e da mente, envolvida nalguma fantasia inconfessável. Boca, língua, peitos…tocando, chupando, esfregando. As capacidades de toque femininas são quase infinitas. Na vida, enfrentar, reclamar, questionar, chorar, sorrir, brincar, imaginar e sonhar…Fora da cama nenhum homem consegue chegar perto das mil maneiras diferentes de mexer no cabelo, cruzar as pernas, expressar amor ou de dizer quanto ele é um idiota.

Um homem que não aguente um broche perfeito não tem a melhor hipótese com essa mulher na vida em geral. Não estou a falar em disputas de poder, mas na capacidade de receber tudo o que o outro tem para nos oferecer. Assim, na vida o homem que não aguenta, acaba por escolher uma mulher, menos exigente, menos livre e  com menos para oferecer por não saber lidar com tanta energia.
Uma mulher com menos expressividade, brilho, energia...escolhe um homem facilmente perturbável, menos firme, um sexo rijo e frágil no limite da ejaculação. Assim, como é fácil um homem aproveitar um broche rápido e mal feito, para a mulher também é mais fácil fazer o homem gozar, ou apaixonar-se, com menos trabalho sem se despender tanta energia e empenho em expressar-se, explorar ou cativá-lo – lei do menor esforço.
Eis o paradoxo das relações, ela deve estimulá-lo, não muito, não a ponto de ele gozar logo; ele tem de crescer e manter-se firme, mas nunca a ponto de não ceder e não ejacular.
O broche mostra a linha ténue  com que se faz o crescimento do casal  o mesmo movimento de estimulação e crescimento também interrompe e faz o outro ruir.