sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Manel e a inteligência emotional

Desenho de Yuka Yamaguchi



- Está muito frio aqui, Manuel.
- Como podes dizer isso. Estão 21 graus!



Manel acredita que está a provar à Maria que não está frio. Mas, na verdade, estão a falar de coisas diferentes. A Maria está a relatar uma sensação enquanto ele está a analisar a temperatura ambiente. Estamo-nos a referir a diferentes áreas de percepção e de  experiência humana.
O facto de estarem 21ºC no quarto não tem nada a ver com a sensação de frio de Maria. A afirmação de cada um deles contém diferentes
 informações acerca do frio. Os casais cometem um erro terrível quando pensam que um tipo de resposta será superior ao outro, seja ela emocional ou racional, pois cada uma é importante por si mesma.Então, porque é que os dois estão a sentir um certo incómodo, irritação e  menosprezo em relação ao parceiro?
A resposta do Manuel é completamente reactiva; ele não pensou, ouviu e simplesmente reagiu. Reagiu  assim porque se sentiu ameaçado, com vergonha da sua incapacidade…
“Se ela está com frio, deve ser minha culpa; eu não consegui deixá-la feliz e protegê-la do desconforto”.

Claro que a resposta do Manuel acrescenta desconforto à Maria. Agora ela sente que ele não a valoriza, o que aumenta a sua ansiedade e gera uma sensação de incompreensão e solidão. A ansiedade, desconforto e medo da Maria vão alimentar a sensação de incapacidade e vergonha do Manuel e vice-versa.

Outro exemplo:
- Estou tão gorda, Manuel!
- Quanto pesas?
- 58 quilos!
- Como podes dizer isso se tens o mesmo peso, Maria?

Este exemplo ainda é mais complicado. Nem a Maria sabe qual a resposta que a iria satisfazer. Mas atrevo-me a arriscar que não há uma resposta que lhe diminuísse a ansiedade e o medo da solidão, geradas pela hipótese de Manel deixar de a desejar.

domingo, 26 de outubro de 2014

"Ainda não encontrei a pessoa certa!"

Já todos ouvimos esta frase de um amigo ou amiga...
O conceito da pessoa certa, aquela que se encaixa perfeitamente em quem somos, faz com que os solteiros sonhem com este alguém que preenche uma longa e idealizada lista de requisitos.  Também para os casados a ideia desta pessoa certa aparece, sempre que os problemas surgem, carregando a dúvida de se ter ou não feito a escolha correcta no que toca ao parceiro.
O engano carregado pela definição desta pessoa certa é esperar que esta nos dê a importantíssima “minha felicidade” que pensamos alcançar.
Assim,  a pessoa certa seria aquela que encaixa em todos os nossos desejos, hábitos, vícios e particularidades. Se tenho baixa auto-estima quero alguém superprotector, se gosto de seios generosos uma mulher com pouco peito não me serve, se gosto de queijo então...

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Maria e a sexy Penélope Cruz!

- Manel já viste, a Penélope Cruz foi eleita a mulher mais sexy do MUNDO!
- Hum...pois...pois foi... Maria.
- Só isso. Não desdenhes, parece que não gostavas de ter uma assim...
- Isso é impossível.
- Claro que não, a Penélope existe!
- Enganas-te essa Penélope não existe, quem ganhou, foi uma imagem criada a partir dela. Foi uma competição entre imagens e não entre mulheres reais!
- Estou a gostar de te ouvir...continua.

domingo, 19 de outubro de 2014

O Café e a necessidade de nos sentirmos especiais


O início

Hoje ao beber café observo os outros clientes; um pede um café curto, outro cheio, outro...
Em diálogo com a funcionária descobri que um simples café pode ser servido com inúmeros requintes; em chávena escaldada, em chávena normal, em chávena fria, pingado, sem principio e mais uma infinidade de combinações.
Serão mesmo necessárias tantas variantes de um simples café ou somos todos picuinhas?
Acredito que não somos picuinhas mas um café especial, com o tal toque de distinção, faz-nos sentir, por breves instantes, acarinhados e especiais.
Sim, no geral, somos egocêntricos, acreditamos que somos especiais e gostamos de ser mimados para nos sentirmos, por alguns segundos o centro do universo. Depois voltamos à nossa vidinha que acreditamos não ter nada de importante.
Inconscientemente nem nos apercebemos da fraude deste comportamento. Objectivamente falando os pequenos prazeres do dia a dia, como ir ao café, cumprimentar alegremente o funcionário, viver o prazer desse momento, deviam bastar para nos fazer sentir especiais.
Ao fim e ao cabo, estamos vivos e activos e só isso devia bastar para nos sentirmos fabulosos!
Eu que sou um grande apreciador de café, confesso que sim, iniciei este blog, para me sentir um bocadinho especial.