domingo, 31 de maio de 2015

O empregado de mesa e a escolha de um amor.



- Manel, o modo como tratavas os empregados de mesa foi dos motivos que me levou a decidir ter uma relação contigo!
- A sério?
- Sim, normalmente é comum ouvir as pessoas a darem conselhos do tipo: “Observa como o candidato a parceiro se relaciona com a mãe ou pai, eles são figuras femininas e masculinas e blablablá…”  A mãe e o pai podem ser uma indicação errada, uma vez que ele ainda pode precisar deles para alguma coisa. Algum  interesse, desconhecido por nós, pode camuflar o modo como ele os trata. Por isso, Manel, a verdadeira prova acontece quando observamos o modo como ele trata um estranho, por exemplo, um empregado de mesa, que é uma figura impessoal, desconhecida e, até, serviçal.
- Infelizmente Maria, poucas pessoas ficam indignadas quando um empregado de mesa, homem do lixo ou subalterno é maltratado!

Se o seu futuro parceiro for uma pessoa correta irá tratar o empregado de mesa impecavelmente, como trataria qualquer outra pessoa; caso contrário, tenha, ou não, algum motivo vai tratá-lo mal e fá-lo-á, porque pode ou apenas porque gosta de humilhar. Normalmente para se exibir, ou em seu benefício.
Algumas pessoas tratam mal um empregado de mesa ou um serviçal, porque este não tem identidade nem nome apenas tem a função de servir. Abra os olhos porque após anos de intimidade, passada a fase da conquista e do deslumbramento em que o interesse de impressionar já passou, a máscara vai cair e será assim que o seu parceiro o/a vai tratar. Ele revelará a sua verdadeira personalidade. Fique atento ao modo como o candidato a parceiro trata os serviçais em geral.
O próximo serviçal podes ser tu!


sábado, 23 de maio de 2015

Educação sexual – No masculino


Fazer ou não fazer, mas contar que fez.

Na adolescência, o filho, no grupo de amigos:

“A tua mãe foi para a cama com o Joaquim."
"O quê? A minha mãe? Nem penses! Ela não faz dessas coisas.”


Ele não pode ter pila em frente da mãe, nem ela pode ter sexo. Nenhum dos dois quer pensar que o sexo do outro existe. São coisas muito feias para um filho e uma mãe terem. Em pequeno, no entanto, não era bem assim, quando a mãe, as tias ou avó lhe mudavam a fralda.

“Vamos mudar esse xixi meu pequenino."
"Tanto xixi, meu bebé...!Cutchi, cutchi! (enquanto vai tirando a fralda)
"Uau... Estás com a pilinha enorme, meu bebezinho, que lindo!"

E vai mimando e brincando com a dita pilinha, para o agrado de ambos, enquanto muda a fralda.
Mais tarde, já a andar muito bem, o filho, ainda bebé, irrompe pela sala, baixa as cuecas, já sem fralda, e afirma:

“Mãe, olha a minha pila tão grande."
"Grande pila, bebé. Olha a pila do nosso bebé, papá..."
"Pronto, já chega, filho. Não mexas na pila, é feio, caca”

Devido à facilidade e necessidade, os meninos tocam no pénis várias vezes por dia e são estimulados a senti-la como símbolo de força. Caralho, picha, pau, vara… são todos nomes bastantes fortes, que geram força.
Assim se inicia a interiorização de que o sexo é feio em simultâneo com o culto da pila. Incutir no espírito da criança que, quanto maior for o membro, melhor, isso é o desejável. Mais tarde vai ser um gosto ouvi-lo na roda de amigos! Que imaginação!
Tudo o que é feito quando criança reaparece mais tarde nas formas mais imprevistas e por vezes grotescas.




domingo, 17 de maio de 2015

Educação sexual – No feminino

Fazer ou não fazer, por querer.

Aflitivamente a mãe previne a filha adolescente: “cuidado com ela, filha”. A pila. Mais ou menos indiretamente é como se dissesse: “faz como eu, nem penses que isso existe.”
Não sabemos se a mãe faz o que aconselha. Muitas contradições envolvem essas questões. Já na infância, no máximo, falava-se no “pipi” - porquê masculino? Na maioria das vezes referido apenas como ‘lá’ ou ‘ai’.



“Não mexas aí”
"Onde já se viu, fazeres isso?"
"Caca, feio”

Se não for a mãe, é a avó ou uma tia… A ensinar a fazer de conta que "aquilo" não existe.
A menina cresce, e a repressão subtil vai repercutir-se no seu comportamento. Ela aprendeu a técnica oriental do não executar, fingindo que não liga, que não é importante, como a mãe a ensinou, para ser uma mulher honesta.

No sexo, quais são as ações que uma mulher honesta pode fazer sem colidir com a sua repressão? Quais os movimentos intencionais permitidos?
Conversas provocantes, beijos de língua, caricias audazes por todo corpo, ou mesmo na pila ou no pipi, carícias com boca e língua no peito nas costas e no sexo (uiii se a mãe sabe!), movimentos ondulantes quando se regala com mimos bem-feitos. Masturbação frente ao parceiro. Ondular as ancas e o corpo antes, durante e depois da penetração. Contração voluntária dos músculos da vagina, etc.

Podemos utilizar estes movimentes e a sua amplitude para perceber quanto uma mulher é reprimida ou liberta de preconceitos. Mais repressão, menos movimentos voluntários. No limite podemos ter uma mulher em estado de coma.

Gestos mecanizados e automáticos, sem pensar, não servem para este objetivo. São inimputáveis. Têm de ser movimentos conscientes, voluntários e deliberados; não sendo assim, é como se não fosse ela. É como se não estivesse lá, para o momento, para o ato e para homem.






sábado, 9 de maio de 2015

A fazer sexo ninguém usa linguagem cientifica.



- Manel, vou acariciar os teus glúteos.
- As minhas hormonas desencadeiam-me uma ereção, amor (quando me encosto a ti)
- Vou deslocar o prepúcio para baixo e vou executar-te um felácio!
- Vou introduzir o meu pénis na tua vagina, Maria.
- Manel! Faz de conta que me vais fecundar! (com anticoncecionais não há fecundação).

Todas as conversas e textos sobre sexo são pornográficos. Ninguém é científico numa relação amorosa. Questão problemática: como escrever um texto sério sobre sexo sem utilizar os termos científicos, impessoais e chatos, e sem cair no pornográfico ou grosseiro? Os nomes e designações politicamente corretos são os aceites pela comunidade científica, claro. Podem ser falados e escritos em aulas e conferências prestigiadas. Não são usados no dia-a-dia, por isso é muito difícil sentir esse vocabulário ou identificá-los com o nosso corpo, sensações e emoções.

- Manel, vou apalpar-te esse rabo!
- Fico cheio de tesão! (quando me encosto a ti)
- Maria, destapa-me a cabecinha e faz-me um broche!
- Vou foder-te, Maria!
- Vais-te vir todo para mim!

Então chocamos com os palavrões e a repressão da nossa educação. Não podem ser ditos. Desde pequeninos, somos condicionados pelos queridos papás e mamas com  “Isso não se diz”, “É uma palavra feia”, “Podes saber mas não podes dizer”. No entanto pai, tio, primos e estranhos (e até a mãe às vezes) dizem “caralho”, “porra”, “foda-se”, “vai-te foder”. Afinal foda é espetacular ou terrível? Dizemos “grande foda”  assim como “estou fodido” quando algo corre mal, grande confusão para uma criança!

É a repressão do calão (e também da sexualidade) que torna tão deliciosa a sua utilização durante o sexo. A transgressão do proibido, como todos já sabemos e vivemos, intensifica o tesão.