sábado, 26 de dezembro de 2015

O romantismo e a liberdade feminina.



- Manel, a Ana está noiva!
- A sério?
- Sim! O namorado pediu-a em casamento, ofereceu-lhe um anel e foi pedir a mão dela ao pai…
- À antiga…
- Sim.
- Que horror, Maria tão romântico!
- Porquê Manel? Antigamente esse amor servia de inspiração para homens e mulheres. Elas sabiam que o seu homem não era um príncipe, mas que podiam confiar nele; aquele com quem se comprometiam e podiam confiar até à morte. Elas preservavam-se e davam-se ao respeito por ele.
- Maria, dizes-me isso, tu que prezas tanto a tua independência! Liberdade e romantismo não se conciliam, são opostos. O romantismo é baseado na ideia do príncipe salvador. Salvar a mulher de quê? Do pai, de ficar para tia? Ou de existir e se sustentar como uma pessoa, mulher, livre e independente?
- Como sempre Manel a estragar um momento bonito…
- Ainda não acabei. Para justificar isso ele dava à mulher o seu amor. Ela aceitava, teria de aceitar pois foi a eleita de entre todas as outras para ser amada e salva por ele. Então o homem com benevolência afirma “És a mulher da minha vida e eu amo-te…”
- Maria e tem mais. Pedir a mão dela ao pai é como se a Ana passasse da propriedade do pai para a do futuro marido, seguindo uma história que foi escrita a 4 mãos …as deles.




domingo, 20 de dezembro de 2015

Nunca estás em casa marido. Estás sempre a trabalhar!



- Manel! Só chegaste agora. Nunca estás em casa!
- Cheguei cedo duas vezes esta semana. Sabes bem que tenho muito trabalho.
- Ah! Dois dias em cinco! Posso considerar-me uma mulher de sorte. O meu sonho sempre foi ter um marido só dois dias por semana!
- Estamos numa fase difícil lá no trabalho…
- Se achas que vou aquecer o jantar, podes esquecer. Não sou tua empregada.
- Nem sei porque me incomodo a vir para casa, para aguentar isto!

Facilmente imaginamos o que se segue. Vão continuar horas a fio, pela noite dentro, numa guerra inútil para decidir qual deles terá razão. Os dois têm razão. Ela seria mais compreensiva se estivesse mais próxima dele. Ele sente-se culpado por estar pouco em casa, culpa-se por isso mas fica insensível ao fato de que ela sentir a sua falta. Ela reclama porque sente a falta dele.
Aparentemente, apesar da discussão, o que os dois queriam era:

- Manel! Só chegaste agora. Nunca estás em casa. (enquanto lhe dá um beijo).
- Pois é, sinto a tua falta quando tenho de trabalhar tanto. Maria, tu mereces mais atenção, adorava não ter de trabalhar tanto.
- Queres que te aqueça o jantar?
- Não, eu aqueço e tu fazes-me companhia.

Calmos e unidos, era isso que os dois queriam em vez dos inúmeros diálogos defensivos que tinham no diálogo inicial. Neste último, a compreensão superou a atitude defensiva centrada egoistamente em cada um! Assim a serenidade permitiu aos dois uma aproximação tranquila.
Se és homem, vê o ponto de vista dela, sente os seus medos e inseguranças. Quando ficas stressado, ela acha que não queres ter contato com ela, e isso gera ansiedade e medo. Esquece a tua culpa, vergonha ou outra coisa qualquer. Abraça-a, diz-lhe que a felicidade dela e o bem-estar das crianças são os motivos para tu trabalhares tanto, aproxima-te dela. Se pensas que essa atitude revela fraqueza e tens medo que a tua mulher tire vantagem disso então é porque o teu relacionamento já está cheio ressentimentos. Vives em estado crónico de impotência na relação.




domingo, 13 de dezembro de 2015

Como destruir uma relação.



Maria com as melhores das intenções revindica:
“- Porque me fazes sempre isto?”
“- Não vais sair comigo com essa camisola, pois não?”
“- Porque é que ainda te penteias assim?”
“- Fazes sempre a mesma coisa, deixas a roupa suja por aí!”
“- Um homem a sério não faz o que tu fazes.”
“- Vês? Podias ser assim como ele!”
“- Não fazes isto porque és um egoísta.”
“- Já estava na altura de mudares um bocado.”


“Maria, onde está a mulher compreensiva e meiga com quem casei?
Casei-me a esperar que as coisas não mudem, sinto-me amado quando me aceitas e valorizas como eu sou. Decidi, quando me casei, que o meu objetivo principal é fazer-te feliz! Se revindicas, protestas e deprecias é porque não estás feliz. Vergonha minha pois fui eu que falhei!
Estou cada vez mais distante de ti, só assim consigo afastar a frustração de não conseguir fazer-te feliz. A minha apatia e passividade, fazem-te sentir menos amada e culpas-me por isso.”

“Manel, espera um pouco, o que aconteceu com aquele homem charmoso com quem eu me casei? Tu já não és o mesmo homem, aquele homem!”

É um ciclo vicioso, ele procura amor e aceitação, ela procura o homem maravilhoso que teve um dia e ajudou a destruir sem saber...Grande é a possibilidade de um, ou ambos procurarem conforto noutros braços...numa busca infrutífera pois bastava amarem-se por aquilo que são.


domingo, 6 de dezembro de 2015

A mulher moderna das revistas femininas



- Então como foi a ida ao médico Manel?
- Fartei-me de esperar, foi uma seca! Li as revistas todas.
- Coitadinho!
- Eram quase todas revistas femininas, deprimentes.
- Deprimentes?
- Comecei a desfolhá-las porque têm sempre uma boazona na capa, mais ou menos despida.
- Isso é mesmo típico de gajo…
- Maria, achei curioso, revistas para homens e para mulheres ambas têm mulheres perfeitas mais ou menos vestidas na capa e em poses sexy.
- Manel, é o que capta o olhar de ambos os sexos: os homens por desejá-las, as mulheres porque querem ser como elas que atraem o olhar masculino.
-E isso justifica tudo, Maria? As mulheres devem ser só para ser vistas numa redoma e as revistas só devem ter assuntos medíocres, porque só a imagem satisfaz?
- Manel é pior que isso, quando vou a o cabeleireiro leio essas revistas e lá estão milhares de receitas infalíveis para ficar bonita, magra, atraente, inteligente, melhor na cama... Mesmo sabendo isso fico a minha autoestima de rastos com a sensação de que sou feia, gorda, burra, pobre e péssima de cama...
- Ainda bem que recuperas depressa, senão ias comprar a próxima revista com novas receitas infalíveis da mesma coisa: a nova dieta, a nova ginástica, as novas posições sexuais.
- O pior Manel é que todas essas receitas são a pensar em função dos homens. A mulher moderna proposta por essas revistas, deve sim, ser independente, bonita, elegante, auto-suficiente, ter uma carreira e ser simpática para, obviamente, conseguir “caçar “um bom partido, é claro! É a mesma “velha mulher” que vive única e exclusivamente em função de um homem - encontrá-lo, mantê-lo, etc.