sábado, 28 de novembro de 2015

Vão separar-se mas queriam continuar…

“Casam-se e vão viver felizes para sempre.”
FIM

Mentira a história vai continuar com muitos episódios. Vão lutar por uma casa, pelo carro, pela sua formação, pela educação dos filhos, pelas férias, por uma vida melhor e a relação vai consolidando. Até que…
Pouco a pouco a mulher sente-se mal, numa insatisfação indefinida. A principal característica dessa insatisfação é sentir-se só. No início nada é dito e a insatisfação vai crescendo, até que ela verbaliza o seu descontentamento. Ele não entende, está lá, nenhum está sozinho.

Por fim ela decide terminar a relação. Ela apresenta uma lista de fundamentos que só ela vê devido à sua insatisfação, razões que muitas vezes não são a verdadeira causa da sua infelicidade, mas que ela acredita serem. Ao ouvir os motivos o homem fica confuso, apanhado de surpresa, trespassado e incapaz de perceber que ela apenas não se sente amada, cuidada, penetrada…e, obviamente, acredita que é o fim.
Ao ver o seu homem acabrunhado, sem ação, ela revalida “Como eu pensava, ele não me ama, aceitou o fim, em vez de me segurar com força”. Mesmo quando ele diz que a ama, ela não o sente. Vê apenas a fraqueza com que aquele homem destroçado o afirma.
Ele acredita devastado que está tudo terminado.
“- Tens mesmo a certeza? Pensaste bem?
- Sim acho melhor acabarmos.”
Baixa a cabeça deprimido em vez de atuar, fraco e incapaz de ser esse homem que ela deseja ter. Por isso é tão fácil conquistar uma mulher nessa fase, após o fim ou mesmo durante um relacionamento debilitado na qual ela está insatisfeita. Basta ser esse homem. E digo o mesmo para o futuro ex-marido: basta ser esse homem.

É absurdo, enquanto estão fazendo listas de motivos para justificar o fim da relação, muitas mulheres secretamente desejam ser arrebatados pelo seu homem como nos primeiros tempos, só que o homem dos primeiros tempos, cheio de energia e tesão, já não está lá.
Quantos relacionamentos que acabam, quando os dois, no fundo, queriam continuar.





terça-feira, 24 de novembro de 2015

As discussões do casal e os fios de lã

- Maria detesto discutir contigo.
- Eu também querido.
- Não é isso. Eu não gosto é da forma como as discussões contigo se desenrolam.
- Pensava que não gostavas de discutir comigo.
- Também não gosto. Quero dizer é o seguinte; quando discuto contigo quero manter-me no problema, encontrar princípio meio e fim, como se fosse um cordão, bem esticado, puxamos uma ponta até chegarmos ao fim. Mas isso raramente acontece.
- E?
- Então tu falas, é como se atirasses para cima da ponta do meu cordão, um enorme monte de lã enleada num imenso amontoado, onde puxando qualquer fio se vai sempre repuxando tudo….
- E perdes o fio à meada...hahahah
- Não e sim. Quero dizer, é que tu vais desviar a discussão do objetivo inicial e saltar de fio para fio como se tudo estivesse ligado na tua cabeça e eu desligo, quando descobrir que perdi o fio inicial.
- Coitadinho, ficas baralhado. Não aguentas umas verdades!
- Só estamos a falar, não precisas de me menosprezar para desviar a conversa.
- Eu não estava a desviar!
- Estavas. Essa é outra técnica, acusas-me para eu me defender, assim a conversa ou discussão é desviada noutra direção. Voltando ao início eu percebo que, na tua cabeça, quando estás triste e tens um problema, este enleia-se em todos outros, de tal forma que puxando um fio vêm todos atrás. Então precisas de falar para te sentires melhor.
- Sou assim já me conheces.
- Sim, mas depois desligo e ainda é pior para ti, para nós. Eu só quero melhorar a nossa relação.

“Em alternativa ao nosso entendimento, vou ver televisão e ficar com a ideia que ela não percebeu nada do que eu pretendia. Ainda me atacou e vem com ares superiores. Por isso depois de falar sobre a nossa relação fico sempre pior. Isto é péssimo, porque quando a Maria está triste precisa de conversar para se sentir melhor. Assim acabamos sempre dececionados e desligados um do outro”.


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O machista e a morte da mulher de sonho



- Manel, não gosto nada de homens armados em machões.
- Porque…
- Pelo modo como me olham de cima a baixo, com desejo e desprezo ao mesmo tempo…
- Pela boca morre o peixe.
- O que queres dizer com isso?
- O machão acaba sempre por matar a mulher dos seus sonhos...
- Como?
- Para um machão mulheres sérias são a mãe, a irmã ou a esposa. Toda a solenidade é pouca, e ai de quem fizer uma brincadeira. Como se sabe, insultar a mãe é desafiar para um duelo de honra. As outras são todas umas “putas”.
- Já percebi Manel, e depois?
- Os homens ditos machos são os primeiros, como pais, a controlar as filhas - para que jamais venham a ser sexualmente livres e desinibidas. Dentro das suas limitações, sem saberem, fazem o que podem para terem na cama mulheres de fato pouco gratificantes, “fabricadas” pelos seus preconceitos! Exigem virgens eternamente fiéis, filhas puras e mães angelicais, alimentando assim os sonhos impossíveis, eternamente insatisfeitos, da mulher voluptuosa e sexualmente livre dos seus sonhos. “A puta!”
- Fizeram e continuam a fazer tudo o que podem para que a mulher que eles desejam  não tenha a menor possibilidade de existir!


domingo, 1 de novembro de 2015

Coisas de gajo - É de homem.

- Manel, hoje no café de manhã ouvi uma conversa gira.
- Conta!
- Uma mulher voltou-se para aquele que julguei ser o companheiro e disse, com ar atormentado -  “Desampara-me a loja, vai beber um copo, apaixona-te, deixa-me em paz!”
- Uahuuu!!
- Todo o dia pensei nisso, no ar desesperado dela e no ar desinteressado dele
- As mulheres são incompreensíveis, Maria!
- E os homens não são também?
- Não sei.
- Manel, penso que ninguém percebe ninguém...
- Possivelmente... Perceber os homens não me interessa para nada. Gosto é de mulheres.
- Estúpido!...(em pensamento)