segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sim, não, talvez, ou não, ou sim!...(“Eu ia adorar!”)



Ao telefone nos primeiros dias de namoro.

- Maria, hoje à noite, venho buscar-te para jantar!
- Hoje é melhor não…
(“por favor vem”)
- Mas não gostavas de experimentar aquele restaurante novo?...
(“está a fazer-se difícil, vou insistir”)
- Manel, não, deixa lá!...
(“vá lá não desistas já”)
- Mas eu todos os dias tenho de jantar e gosto da tua companhia! …
 (“esta vai resultar”)
- É melhor não jantarmos hoje…
(“insiste, insiste só mais um bocadinho”)
- Mas não queres ir jantar?...
(“talvez ela não queira mesmo…”)
- Não!...
(“quero muito, quero contigo, insiste mais um pouco”)
- Não? Porquê?...
(possivelmente, não quer mesmo, fiz alguma coisa?”)
- Não me apetece!...
( “claro que me apetece, insiste agora e vamos”)
- Pronto, então fica para a próxima vez.
(“ela não quer ir, não vamos...”)
- Já não queres ir?...  
(“agora está a fazer-se de difícil”)
- Não! O António está farto de me convidar para uma jogatina lá casa, beber uma cerveja e eu tenho estado a adiar.
- Então está bem! … 
(“ele ainda vai aparecer, tenho a certeza!”).

Manel, foi jogar Playstation com o António, sem  perceber bem porque a sua mais que tudo não quis estar com ele. Maria, por seu lado, foi arranjar-se, convencida que ele ia ligar outra vez ou  aparecer, romanticamente à porta.
Maria usou o jogo feminino de aproximação/distanciamento do homem, para testar quanto o Manel está emocionalmente preso na relação, apaixonado e comprometido. Esses jogos de dúvida causam confusão mental e tortura emocional na mente masculina, mais direcionada e racional do homem; aquele que perceber estes avanços/recuos e os ultrapassar, passa no teste. O Manel não foi esse homem... o Manel falhou no teste…
No fundo Maria desejava ter perdido e saído com o Manel. Terminou a noite a ligar para a Ana, a sua melhor amiga a chorar “Ele não me ama e em breve vai terminar o namoro”.




domingo, 21 de junho de 2015

Amado, mas não desejado



- Vai uma imperial António?
- Sim, podes pedir.
- Manel, preciso de desabafar. A Ana não faz sexo comigo. Estou há muitos dias à míngua e antes disso também pouco sexo fazíamos. Já não é de agora que a líbido dela está em baixo; está sempre com enxaqueca, dores aqui ou ali. Cada nega que levo, fico com menos inspiração e com menos desejo por ela e, assim, as negas são cada vez mais raras. A piorar ainda, nas raras vezes que fazemos sexo é sempre com muitos entraves. “Assim não” ou “Estás-me a magoar”. Sinto-me como se estivesse a fazer sexo com uma galinha morta.
- Estás a ficar passado e com a tua autoestima a afundar...
- Ainda não acabei. No início muitas vezes tentava aproximar-me da Ana e ela afastava-me com um “Agora não é boa altura, ou já te esqueceste do que disseste há bocado?”. Eu não me lembrava nada disso, só percebia que sexo já era. Agora diz que tenho de reconquistá-la. Quando isso acontece ela pensa que fico motivado mas eu fico com uma raiva!
- Essa situação é tipo bola de neve António. Aposto que, quando te aproximas sem ser para sexo, ela fica tensa ao pensar que tu queres sexo, esquiva-se, e tu ficas ainda pior…
- Claro. Como quer ela que eu me aproxime? Todos os nossos diálogos, quando existem, tomam um tom áspero e agressivo, pois falta carinho e sexo.
- Já tentaste falar com ela?
- Sim. A culpa é minha que não a faço ter desejo. “Tens de reconquistar-me”! Manel não quero ter uma amante. Gosto da Ana e ela diz-me que me ama muito. Nos outros campos temos um ótimo entendimento. Quero continuar a minha relação com a Ana. Dá-me uma ideia do que fazer.
- Tens que quebrar o ciclo, quanto mais ela evita o sexo, mas irritado tu ficas e mais vocês se afastam, o que reforça a falta de desejo dela. Diálogo não funciona!
- Eu amo-a e ela diz que me ama muito. Mas já não tenho vontade como tinha antes.
- Assumindo que ela gosta de sexo contigo e que fazes tudo como deve ser. Tenta ser menos amigo dela e mais homem!
- E como faço isso sem parecer machista?
- Surpreende-a! Por exemplo, deixa um bilhete. “
Compra uma roupa que eu nunca vi, um perfume que nunca senti e encontra-me às 20h30 no restaurante X”. Quebra-lhe a rotina morna do dia-a-dia, com uma coisa que ela gosta de fazer! Encontra-te com a mesma mulher mas completamente diferente. Usa a imaginação, passeia leva a um sítio novo e termina na cama, de preferência num hotel, longe de casa e fá-la chegar ao céu.
- Ou então, vai ao centro comercial e compra meia dúzia de cuecas de muito boa qualidade (especialmente diferentes daquelas que usas). Arruma-as na gaveta e não dizes nada, deixa que ela descubra. Se isso não lhe fizer disparar o alarme…
- Recomenda-lhe a leitura do blog  “Manel e Maria”.

Amada, mas não desejada




sábado, 13 de junho de 2015

Amada, mas não desejada



- Vai um chá Ana?
- Sim, podes pedir.
- Maria, o António não faz sexo comigo. Estou há muitos dias sem nada. E, antes disso também pouco havia…No início fazíamos muitas vezes no mesmo dia, depois diminui para  uma vez e de seguida para uma vez por semana, agora é uma vez por mês. Começo a pensar que a fase seguinte é uma vez por ano.
- Vais ver, isso é só uma fase passageira.
- Nem penses, já dura há muito tempo. Sinto que não sou desejável o suficiente para ele!
- Ana não te sintas mal contigo. Não engordaste nem te descuidaste e és saudavelmente vaidosa. Aposto que ainda atrais muitos olhares e piropos na rua.
- Lá isso é verdade.
- Então não é pelo teu especto.
- Ana, já tentei de tudo, falar, chorar, implorar, gritar, ofendi e fui ofendida, nada teve sucesso. Faz dois dias que nem me chego ao pé dele. Fecho a porta da casa de banho quando vou tomar banho. Faço tudo para ele perceber que algo está errado. E ele nada! E sabes o que já me chegou a dizer?
- Não.
- “És louca por sexo e isso não é normal". Vê só onde estou metida. Não sei o que fazer.
- Já experimentaste uma abordagem mais sexy, Ana?
- Sim. Tentei de tudo, andei nua, comprei lingerie sexy, mensagens picantes, filmes porno.
- Qualquer dia vou dar comigo a fantasiar que me estou a entregar a outro! Amo o António, nas outras áreas temos um ótimo entendimento. Quero continuar a minha relação com o António.
- Tens de quebrar o ciclo, quanto mais ele te escapa mais tu o queres e quanto mais o procuras mas ele fica paralisado o que aumenta a insegurança dele e reforça a falta de desejo dele. Diálogo entre ambos já não vai funcionar!
- Eu amo-o e ele diz que me ama muito, também já não tenho a vontade como tinha antes…
- Vou dar-te umas dicas.
- O teu marido está com a síndrome de Hommer Simpson! Precisas de dialogar com ele, sem palavras, para veres se ele acorda e decide mudar! Falar com ele não adianta como tu própria disseste. Ana, muda o teu estilo de roupa, cuida-te mais e valoriza-te. Quebra a tua rotina, vai passear com as tuas amigas, vai ao ginásio, tira um curso qualquer. Não fiques tão disponível para ele. Uma mulher independente e brilhante é mais sensual. Por exemplo prepara-lhe um jantar delicioso, vai recebê-lo linda e perfumada com uma garrafa de bom vinho para os dois, janta com ele. Depois comunica-lhe que vais ao cinema com uma amiga!
- Essa é forte…
- Sabes como ele vai ficar? Confuso! Um homem confuso é um homem interessado! Se depois disso ele se aproximar e quiser falar...mostra-lhe que é com ele que queres tudo, companhia, amizade e sexo. Se ele se interessar, mostra-lhe como podes ser boa na cama!
- Ana recomenda-lhe a leitura do blog “Manel e Maria”.



sábado, 6 de junho de 2015

Os paradoxos do desejo sexual



- Manel, estamos a viver juntos há quantos anos?
- Uns 10...
- Ainda me desejas como no início?
- Desejar como?
- Com tesão!
- Tem dias. E o teu desejo por mim?
- Também tenho dias, Manel. Passados todos estes anos, o desejo para mim é misterioso e ilógico. Fico perdida com tantas interrogações.



É possível desejar o que já temos?
Existe algo no compromisso das relações que mata o desejo?
Uma boa intimidade gera um grande desejo erótico?
Por que o nascimento do primeiro filho significa muitas vezes o fracasso do desejo?
E possível conservar a segurança sem matar o desejo?
A monotonia mata o erotismo?
E quando se ama alguém, o sexo é diferente?
Amo-te tanto como no início.  Por que é que o meu desejo por ti arrefeceu?

Por que o proibido aumenta o desejo erótico?
Por que o suspense e o inesperado são eróticos?
O mistério e a tensão geram desejo?
A distância aumenta o desejo?
A insegurança e o perigo aumentam o desejo?
O desejo erótico gera sentimentos contrários ao amor?
Quando se deseja alguém que não amamos, como é o sexo?
Amor e tesão são incompatíveis?

Uns recusam viver sem paixão, juram nunca viver uma relação sem um grande amor. Vivem procurando a pessoa com quem o desejo nunca enfraqueça. Todas as vezes que o desejo e o erotismo estão em declínio, concluem que o amor está a acabar.
Outros acreditam no amor duradouro e firme para eles é mais importante que o sexo ardente. Para estes a maturidade, respeito, estabilidade, companheirismo prevalecem. Acham que a paixão leva as pessoas a fazer asneiras. A diminuição do desejo é certa, acreditam que se resiste sem sexo e se cresce.
Para os primeiros a intensidade vale mais que estabilidade. Para os segundos, a segurança vale mais que a paixão. Ambos concordam:  a paixão esfria com o tempo; ambos se desencantam; raros conseguem viver nos dois extremos.

Para alguns casais felizardos isso quase não é um desafio. Facilmente conseguem compatibilizar, a tarefa de limpeza da casa de banho com o sussurrar palavras eróticas e enfiar a língua no ouvido um do outro. Para eles, é fácil a harmonia entre compromisso e excitação, responsabilidades e brincadeira inesperadas. Eles compram uma casa onde também poderão ser  devassos. Podem ser pais sem deixar de ser amantes. Em resumo, são capazes de unir o comum ao desejo.

Para o resto de nós, infelizmente,  procurar entusiasmo na mesma relação em que estabelecemos segurança e estabilidade é pedir demais. Muitas histórias de amor desenvolvem-se de tal maneira que sacrificamos a paixão para ter estabilidade e vice-versa.

- Ainda tenho de te redescobrir Manel?  
- Descobrir o quê? Já não tenho mistérios Para ti!
- Nem eu, para ti!
- Manel, achas que ainda sabemos seduzir e criar tesão um no outro?