quarta-feira, 30 de março de 2016

Sexo com hora marcada.


- Olá Ana!
- Olá, está tudo bem contigo?
- Sim.
- Então o teu menino está bem?
- O meu bebé está ótimo, Maria. Olha, segui o teu conselho sobre o a falta de tesão entre mim e o António depois do nascimento do bebe.
- E?
- Falámos e começámos por marcar uma hora fixa por semana para fazer sexo, como sugeriste. O que parecia uma ideia estranha, está a ser um sucesso.
- A sério? Conta…
- No início parecia-me ser uma obrigação, foi um martírio. Eu acordava de mau humor, arranjava-me de má vontade, mas ia até ao fim. Surpreendentemente, no final, a sensação era sempre boa! Acabava sempre a pensar como pude passar tanto tempo sem isto! Tão simples…
- Ana, parece foleiro -” Sexo com hora marcada!”. Mas contigo funcionou.
- Sim. Melhor que isso, muitas vezes já nem usamos as horas marcadas. Não temos aquela paixão sexual descontrolada do início, mas descobrimos, eu e o António que quando duas pessoas querem, o sexo dá prazer, é divertido e saudável! O meu grande desafio com o António é equilibrar o stress do trabalho, a intimidade da vida doméstica e familiar com o erotismo.
- Pois é, Ana. No meio disso tudo, quanto menos sexo fizeres, menos terás vontade de fazer!


Agendar uma sessão de sexo com tranquilidade, algum humor e sem constrangimentos de nenhuma das partes, pode ser um caminho para a falta de tempo...



quarta-feira, 16 de março de 2016

Reacender o desejo 5 - Desejo por outros



- Manel, tens de parar de olhar para a Ana.
- Eu não estava a olhar…
- Estavas sim, eu vi! Não escondas, foi uma troca de olhares furtiva entre ti e as ancas dela!
- Ela a subir as escadas, a saia tão curta a tornear-lhe as ancas, dá-me um tesão…
- E estás a dizer-me isso a mim?
- Tu nunca olhas para o rabo dum homem ou para outra parte qualquer?
- Nunca!
- Não acredito...
- Raramente…


Muito casais para preservar a relação preferem negar o desejo por outros, ocultando-o como se este não existisse. A negação desse desejo é sempre uma grande mentira dita ao parceiro e, no limite, é prejudicial para a relação. Enquanto o desejo sexual por outra pessoa vai crescendo, o desejo e o sexo com o parceiro efetivo podem diminuir de qualidade e de quantidade. No passo seguinte a relação sexual evolui para um hábito e uma obrigação. A redução do prazer com o parceiro reforça o desejo por outros e vice-versa. É nesta fase que surge a irritação contra o parceiro, exteriorizada ou reprimida dependendo do temperamento da pessoa. Inconscientemente, culpamos o outro por nos impedir a satisfação dos nossos desejos sexuais. Conscientemente não temos nenhum motivo para o odiar, mas no fundo, culpamos o amor mútuo por nos impedir de satisfazer o nosso desejo…

A liberdade de renunciar a outros parceiros, não significa, de modo algum, ignorar o desejo por eles. Os dois devem conhecer e partilhar os seus desejos por outrem e escolher livremente agir ou não agir, de mútuo acordo e sempre com consciência da atitude tomada.
Assumindo com confiança as suas escolhas os dois podem utilizar o desejo por outros para reforçar a sua ligação como casal. Uns com jogos sexuais, outros em fantasias transformando-se no outro personagem desejado, outros passando da fantasia à prática. Há imensas possibilidades…


Posts da série:

Reacender o desejo 1 - Introdução.
Reacender o desejo 2 - Avaliação pessoal e da relação.
Reacender o desejo 3 - Admiração
Reacender o desejo 4 - A educação familiar e judaico cristã.
Reacender o desejo 5 - Desejo por outros

terça-feira, 1 de março de 2016

Reacender o desejo 4 - A educação familiar e judaico cristã.


“Manel como gostava de te contar os meus devaneios. Tenho mil fantasias em torno do sexo... Sonho comigo a despir-me lascivamente para os teus olhos gulosos. Sonho com sexo ao luar na praia e com tantas outras tantas situações obscenas. Acordo excitada e agarro-me a ti. Como poderei partilhar isso contigo. Sempre me foi dito: Quem faz isso são as mulheres perdidas, as mulheres de má vida…
Também não sei se valeria a pena partilhar contigo, tenho medo do momento seguinte. Sinto a pureza do teu amor familiar por mim a impedir-te de ver o meu outro lado…O que irias pensar de mim! Como te iria encarar?”

Todos temos desejos inconfessáveis, reprimidos que nos recusamos a confidenciar ao nosso parceiro. Foram séculos de cultura onde o sexo era considerado abominável, onde só com muita indulgência foi permitido no casamento e, mesmo assim, só para fins de procriação.
O preconceito judaico-cristão de que o sexo é pecaminoso não só é absurdo como é causa de sofrimentos que se iniciam na infância e continuam pela vida afora. Desde cedo na nossa cultura e na educação familiar, as crianças aprendem a associar sexo a algo sujo e perigoso. Graças a todos os preconceitos criados, vive-se como se o sexo não existisse, e ninguém fala com tranquilidade sobre o assunto. Pior ainda, a repressão sexual foi tão bem sucedida que não se percebe a sua existência e influência.
Precisamos reconhecer que fomos educados dentro da moral judaico-cristã onde o sofrimento é uma virtude e o prazer um pecado para não cairmos na armadilha do sexo missionário no escuro.
Carregamos as nossas velhas inibições e preconceitos impostos para as nossas relações. Quando o fogo da paixão inicial se extingue, fazer eclodir o desejo no meio de uma relação familiar parece inatingível. Derrubar essas barreiras acaba por ser mais fácil com outra pessoa com quem não estamos tão reprimidos e não partilhamos os papéis de esposa, marido, mãe ou pai impostos pela nossa educação cultura judaico-cristã.

Posts da série:


Reacender o desejo 1 - Introdução.
Reacender o desejo 2 - Avaliação pessoal e da relação.
Reacender o desejo 3 - Admiração
Reacender o desejo 4 - A educação familiar e judaico cristã.
Reacender o desejo  5 - Desejo por outros