quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Maria e o sexo descontrolado

- Maria, preciso de desabafar.
- Diz lá Ana.
- É o sexo com o meu namorado!
- Está mau é? Fraquito?
- Não! Está ir por um caminho que me preocupa!
- Força, desabafa.
- Cada vez que fazemos sexo, é sempre muito pesado, com  palavrões, putaria, luxúria mas de alguma forma mais obscura.
- E gostas?
- Gosto e é bom. Mas lembro-me de um antigo namorado, era tudo mais natural e suave e tenho saudades, Maria.           
- E quanto tempo durou com esse namorado? E que idade tinhas?
- Namorei com ele apenas alguns meses…e, sim, era muito mais nova.
- O sexo muda com a duração das relações; ou ficas com pouco e mau, ou vais pelo seu lado negro, visceral e sensual. Lembra-te de quando eras adolescente…

Fazíamos sexo repleto de bons sentimentos. Eramos ternos, apaixonados e fazíamos amor quase assustados, deslumbrados. Era um milagre que dessa mistura de ingenuidade e romantismo saísse uma relação completa. Frequentemente fazer amor era mais ansiedade, ternura e conforto do que propriamente prazer. Raramente era satisfatória.
Porém mudamos com o tempo. Passamos e desejar prazer puro e duro. Se existe confiança, os suspiros e delicadezas vão sendo substituídos por outras sensações, as mulheres descobrem a força masculina e os homens, com auxílio descarado ou subtil da parceira, descobrem um menu de opções eróticas viscerais.
Assim deixamos de fazer sexo só com o corpo, passamos a ter sessões de sexo, com teatro, personagens e palavras, e, se antes, eram escondidos por pudor, ocupam agora o centro da cena, que pode não ser a cama. Sexo passa a ser, intensamente uma descoberta das preferências e fantasias sensuais ocultas, do outro e de nos próprios.
Sexo é mais uma das faces da personalidade, cada tem a sua. Embora qualquer idade seja boa para surpreendermos o parceiro, nem sempre é fácil pois podemos bater em barreiras de ignorância, preconceito ou resistência.
Haverá casos em que ele avança e ela reage. - “Para com isso, não gosto”. Ou ela pede umas coisas, que as moças finas não deveriam, de todo, saber que existem, quanto mais fantasiar a esse propósito e depara com um olhar de reprovação.
Experiências desastradas deste tipo são sempre frustrantes.
Com mais ou menos desencontros, com o passar do tempo o romantismo vai descarrilando em luxuria e saudáveis putarias, que não se esgotam facilmente e podem ser alimentadas por uma infinidade de recursos internos e externos, especialmente nas relações mais longas e de maior confiança.

- Olha amiga. Suspiros e ‘’amo-te’’ esgotam-se muito rápido. E falo por experiência com o Manel. Casais com muita cumplicidade e interesse mutuo, têm sexo intenso por muito tempo, mas raramente é puro e singelo…
- Achas?
- Acho Ana. Pode ser que vocês os dois não combinem no sexo. Ou tu não te entregues por falta de confiança no rapaz…
- Eu gosto e confio nele, e gosto muito de fazer sexo com ele, Maria.
- Talvez tenhas saudades de estares apaixonada. Com as hormonas da paixão tudo parece maravilhoso, mesmo os fluidos e ruídos mais viscerais. O tempo dilui essa sensação. Tens duas opções explorar o lado mais obscuro do sexo ou correr atrás de outra paixão.
- E depois Maria, quando encontrar outra paixão vou repetir tudo?
- Não sei, talvez sim, talvez não. Depende de ti!



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