sábado, 9 de maio de 2015

A fazer sexo ninguém usa linguagem cientifica.



- Manel, vou acariciar os teus glúteos.
- As minhas hormonas desencadeiam-me uma ereção, amor (quando me encosto a ti)
- Vou deslocar o prepúcio para baixo e vou executar-te um felácio!
- Vou introduzir o meu pénis na tua vagina, Maria.
- Manel! Faz de conta que me vais fecundar! (com anticoncecionais não há fecundação).

Todas as conversas e textos sobre sexo são pornográficos. Ninguém é científico numa relação amorosa. Questão problemática: como escrever um texto sério sobre sexo sem utilizar os termos científicos, impessoais e chatos, e sem cair no pornográfico ou grosseiro? Os nomes e designações politicamente corretos são os aceites pela comunidade científica, claro. Podem ser falados e escritos em aulas e conferências prestigiadas. Não são usados no dia-a-dia, por isso é muito difícil sentir esse vocabulário ou identificá-los com o nosso corpo, sensações e emoções.

- Manel, vou apalpar-te esse rabo!
- Fico cheio de tesão! (quando me encosto a ti)
- Maria, destapa-me a cabecinha e faz-me um broche!
- Vou foder-te, Maria!
- Vais-te vir todo para mim!

Então chocamos com os palavrões e a repressão da nossa educação. Não podem ser ditos. Desde pequeninos, somos condicionados pelos queridos papás e mamas com  “Isso não se diz”, “É uma palavra feia”, “Podes saber mas não podes dizer”. No entanto pai, tio, primos e estranhos (e até a mãe às vezes) dizem “caralho”, “porra”, “foda-se”, “vai-te foder”. Afinal foda é espetacular ou terrível? Dizemos “grande foda”  assim como “estou fodido” quando algo corre mal, grande confusão para uma criança!

É a repressão do calão (e também da sexualidade) que torna tão deliciosa a sua utilização durante o sexo. A transgressão do proibido, como todos já sabemos e vivemos, intensifica o tesão.



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