- Manel, a primeira vez que saíste comigo,
pensei que não estavas interessado em mim!
- Lembro-me! O nosso primeiro jantar a dois.
- Quando não te ofereceste para pagar a conta e
a dividimos achei que eramos apenas amigos…
- Isso é uma afirmação muito machista!
- Não é nada!
- Sim, machista, estás a afirmar que eu pagar a
conta simbolizava o meu interesse por ti?
- Não sejas bruto, eu era mais nova e achava
isso romântico…
As atitudes do
cavalheirismo escondem sempre o machismo, pois partem do princípio que a mulher
é sempre fisicamente, economicamente e, no geral, mais débil ou incapaz. Mesmo
sendo o homem mais fraco ou a ganhar menos, este tem de pagar a conta ou
carregar as malas. O cavalheirismo nunca poderia ter surgido numa sociedade em
que as mulheres não fossem consideradas inferiores.
Algumas mulheres
interiorizaram e romantizaram o cavalheirismo tanto que podemos encontrar
pequenas grandes pérolas machistas a sair das suas boquinhas femininas.
“- Ele nem pagou a conta, tivemos que dividir. Se fosse para dividir tinha saído com as minhas amigas!
- Mas tu não gostas dele?
- Não! Eu gosto de homens a sério que me tratem como eu mereço.
- Fico deliciada quando se pede a conta e o empregado a entrega ao homem. É sempre uma indirecta.
- Eu tive mais sorte, foi à discoteca e pagaram-me as bebidas.”
- Maria eu devia tratar-te como trataria o Tó Zé o meu amigo insuflado do ginásio.
- Porquê?
- Assim garantia que te tratava com igualdade de
género. Eu não ajudaria o Tó Zé a abrir uma porta nem a carregar as malas a
menos que ele estivesse doente ... Tu és independente, inteligente, sabes abrir
portas e fazer as malas de modo a puderes carregá-las. Eu, ao não te fazer
nenhuma destas coisas, estou a contribuir para não te sentires inferiorizada e
insultada.
- Sabes Manel eu tenho uma coisa que Tó Zé do
ginásio não tem.
- O quê?
- Uma vagina!
- E !?!?!
- Posso oferecer ou aceitar sexo, algo que tu
desejas visceralmente, certo?
- E estás a insinuar que devo relacionar-me
contigo de modo diferente do Tó Zé por isso?
- Hahahaha, sim, obviamente!
As relações, sem
machismo entre os dois sexos, dependem também das mulheres e de como nós,
homens, temos de saber que tratar as mulheres com igualdade nunca será tratá-la
como se trata o Tó Zé do ginásio.
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