- Uns 10...
- Ainda me desejas como no início?
- Desejar como?
- Com tesão!
- Tem dias. E o teu desejo por mim?
- Também tenho dias, Manel. Passados todos
estes anos, o desejo para mim é misterioso e ilógico. Fico perdida com tantas
interrogações.
É possível desejar o
que já temos?
Existe algo no
compromisso das relações que mata o desejo?
Uma boa intimidade
gera um grande desejo erótico?
Por que o nascimento
do primeiro filho significa muitas vezes o fracasso do desejo?
E possível conservar a
segurança sem matar o desejo?
A monotonia mata o
erotismo?
E quando se ama
alguém, o sexo é diferente?
Amo-te tanto como no
início. Por que é que o meu desejo por ti arrefeceu?
Por que o proibido
aumenta o desejo erótico?
Por que o suspense e o
inesperado são eróticos?
O mistério e a tensão
geram desejo?
A distância aumenta o
desejo?
A insegurança e o
perigo aumentam o desejo?
O desejo erótico gera
sentimentos contrários ao amor?
Quando se deseja
alguém que não amamos, como é o sexo?
Amor e tesão são
incompatíveis?
Uns recusam viver sem
paixão, juram nunca viver uma relação sem um grande amor. Vivem procurando a
pessoa com quem o desejo nunca enfraqueça. Todas as vezes que o desejo e o
erotismo estão em declínio, concluem que o amor está a acabar.
Outros acreditam no
amor duradouro e firme para eles é mais importante que o sexo ardente. Para
estes a maturidade, respeito, estabilidade, companheirismo prevalecem. Acham
que a paixão leva as pessoas a fazer asneiras. A diminuição do desejo é certa,
acreditam que se resiste sem sexo e se cresce.
Para os primeiros a
intensidade vale mais que estabilidade. Para os segundos, a segurança vale mais
que a paixão. Ambos concordam: a paixão esfria com o tempo; ambos se
desencantam; raros conseguem viver nos dois extremos.
Para alguns casais
felizardos isso quase não é um desafio. Facilmente conseguem compatibilizar, a
tarefa de limpeza da casa de banho com o sussurrar palavras eróticas e enfiar a
língua no ouvido um do outro. Para eles, é fácil a harmonia entre compromisso e
excitação, responsabilidades e brincadeira inesperadas. Eles compram uma casa
onde também poderão ser devassos. Podem ser pais sem deixar de ser
amantes. Em resumo, são capazes de unir o comum ao desejo.
Para o resto de nós,
infelizmente, procurar entusiasmo na mesma relação em que estabelecemos
segurança e estabilidade é pedir demais. Muitas histórias de amor
desenvolvem-se de tal maneira que sacrificamos a paixão para ter estabilidade e
vice-versa.
- Ainda tenho de te redescobrir Manel?
- Descobrir o quê? Já não tenho mistérios Para
ti!
- Nem eu, para ti!
- Manel, achas que ainda sabemos seduzir e
criar tesão um no outro?
Sem comentários:
Enviar um comentário