sábado, 6 de junho de 2015

Os paradoxos do desejo sexual



- Manel, estamos a viver juntos há quantos anos?
- Uns 10...
- Ainda me desejas como no início?
- Desejar como?
- Com tesão!
- Tem dias. E o teu desejo por mim?
- Também tenho dias, Manel. Passados todos estes anos, o desejo para mim é misterioso e ilógico. Fico perdida com tantas interrogações.



É possível desejar o que já temos?
Existe algo no compromisso das relações que mata o desejo?
Uma boa intimidade gera um grande desejo erótico?
Por que o nascimento do primeiro filho significa muitas vezes o fracasso do desejo?
E possível conservar a segurança sem matar o desejo?
A monotonia mata o erotismo?
E quando se ama alguém, o sexo é diferente?
Amo-te tanto como no início.  Por que é que o meu desejo por ti arrefeceu?

Por que o proibido aumenta o desejo erótico?
Por que o suspense e o inesperado são eróticos?
O mistério e a tensão geram desejo?
A distância aumenta o desejo?
A insegurança e o perigo aumentam o desejo?
O desejo erótico gera sentimentos contrários ao amor?
Quando se deseja alguém que não amamos, como é o sexo?
Amor e tesão são incompatíveis?

Uns recusam viver sem paixão, juram nunca viver uma relação sem um grande amor. Vivem procurando a pessoa com quem o desejo nunca enfraqueça. Todas as vezes que o desejo e o erotismo estão em declínio, concluem que o amor está a acabar.
Outros acreditam no amor duradouro e firme para eles é mais importante que o sexo ardente. Para estes a maturidade, respeito, estabilidade, companheirismo prevalecem. Acham que a paixão leva as pessoas a fazer asneiras. A diminuição do desejo é certa, acreditam que se resiste sem sexo e se cresce.
Para os primeiros a intensidade vale mais que estabilidade. Para os segundos, a segurança vale mais que a paixão. Ambos concordam:  a paixão esfria com o tempo; ambos se desencantam; raros conseguem viver nos dois extremos.

Para alguns casais felizardos isso quase não é um desafio. Facilmente conseguem compatibilizar, a tarefa de limpeza da casa de banho com o sussurrar palavras eróticas e enfiar a língua no ouvido um do outro. Para eles, é fácil a harmonia entre compromisso e excitação, responsabilidades e brincadeira inesperadas. Eles compram uma casa onde também poderão ser  devassos. Podem ser pais sem deixar de ser amantes. Em resumo, são capazes de unir o comum ao desejo.

Para o resto de nós, infelizmente,  procurar entusiasmo na mesma relação em que estabelecemos segurança e estabilidade é pedir demais. Muitas histórias de amor desenvolvem-se de tal maneira que sacrificamos a paixão para ter estabilidade e vice-versa.

- Ainda tenho de te redescobrir Manel?  
- Descobrir o quê? Já não tenho mistérios Para ti!
- Nem eu, para ti!
- Manel, achas que ainda sabemos seduzir e criar tesão um no outro?


 

Sem comentários:

Enviar um comentário