domingo, 6 de dezembro de 2015

A mulher moderna das revistas femininas



- Então como foi a ida ao médico Manel?
- Fartei-me de esperar, foi uma seca! Li as revistas todas.
- Coitadinho!
- Eram quase todas revistas femininas, deprimentes.
- Deprimentes?
- Comecei a desfolhá-las porque têm sempre uma boazona na capa, mais ou menos despida.
- Isso é mesmo típico de gajo…
- Maria, achei curioso, revistas para homens e para mulheres ambas têm mulheres perfeitas mais ou menos vestidas na capa e em poses sexy.
- Manel, é o que capta o olhar de ambos os sexos: os homens por desejá-las, as mulheres porque querem ser como elas que atraem o olhar masculino.
-E isso justifica tudo, Maria? As mulheres devem ser só para ser vistas numa redoma e as revistas só devem ter assuntos medíocres, porque só a imagem satisfaz?
- Manel é pior que isso, quando vou a o cabeleireiro leio essas revistas e lá estão milhares de receitas infalíveis para ficar bonita, magra, atraente, inteligente, melhor na cama... Mesmo sabendo isso fico a minha autoestima de rastos com a sensação de que sou feia, gorda, burra, pobre e péssima de cama...
- Ainda bem que recuperas depressa, senão ias comprar a próxima revista com novas receitas infalíveis da mesma coisa: a nova dieta, a nova ginástica, as novas posições sexuais.
- O pior Manel é que todas essas receitas são a pensar em função dos homens. A mulher moderna proposta por essas revistas, deve sim, ser independente, bonita, elegante, auto-suficiente, ter uma carreira e ser simpática para, obviamente, conseguir “caçar “um bom partido, é claro! É a mesma “velha mulher” que vive única e exclusivamente em função de um homem - encontrá-lo, mantê-lo, etc.


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